segunda-feira, 13 de junho de 2016

Coleção clássicos Zahar

Design por Rafael Nobre


Autoresr: vários
Designer: Rafael Nobre
Editora: Zahar
Ilustrações: Rafael Nobre (exceto Vinte Mil Léguas Submarinas)
Fonte: várias
Acabamento: capa dura


O leitor atento já deve ter notado as edições dos clássicos Zahar nas livrarias - tantos as edições normais quanto as de bolso. Elas se destacam na prateleira, se impõe pela edição caprichada em capa dura, nos forçam a pegar na mão e dizer "uau". Pela seleção de títulos e o design ao mesmo tempo clássico e contemporâneo, há uma sensação de que são as edições que você deveria ter na sua prateleira, para o dia em que seus netos reais ou hipotético viessem bisbilhotar seus livros e você apontasse dizendo: "esses aqui eu deixo para você".
Abaixo, conversei com o designer Rafael Nobre, diretor de criação da Babilônia Cultura Editorial e responsável pelas capas, sobre como funciona o processo de criação de uma coleção de livros que não começou intencionalmente como coleção, mas que foi se tornando aos poucos até virar um selo dentro da editora. (clique nas imagens para ampliar).


Como é o processo criativo de uma capa da coleção Clássicos Zahar?
Recebemos um briefing bem detalhado de cada livro, com resumo da história, algumas referências e, em alguns casos, considerações da equipe editorial sobre a criação do layout. Como todo trabalho de capa a pesquisa é fundamental. Neste caso mais ainda, pois já existem diversas capas criadas para cada livro. O que muitas vezes dificulta o trabalho, pois é necessário pensar em uma abordagem totalmente nova. Há livros nos formatos 16x23cm e de bolso 12x18cm. Não reproduzimos simplesmente a capa grande no de bolso, é necessário criar um layout diferente para cada formato, sendo este um desafio a mais. Os letterings dos títulos também merecem uma atenção especial nesta coleção, pois trazem mais personalidade as capas e funcionam como marcas.



Como a ilustração, como ela é criada? Há envolvimento do designer ou tu já recebes ela pronta, e trabalha a partir disso?Eu mesmo crio as ilustrações, na maioria das vezes são imagens vetoriais com poucas cores, mais gráficas, o que garante uma estética mais moderna aos clássicos. Porém, em alguns casos há o uso das ilustrações originais (Alice, O mágico de Oz, Rei Arthur). Nestes casos normalmente é feito uma colagem e colorização, retiro as imagens dos seus contextos originais para que possam interagir com os elementos da capa.


Quando colocados em conjunto, dá para notar certas semelhanças de estilo, variações, etc, e ainda assim eles conseguem ser, ao mesmo tempo, bastante individuais. Como você planeja a relação de um livro com os demais, dentro da coleção?Já fizemos projetos nos quais sabemos, antecipadamente, todos os livros que serão lançados para criar os layouts ao mesmo tempo. Mas neste caso, a coleção foi surgindo organicamente. O que garante esta diversidade dentro de uma unidade. O primeiro que fizemos foi o livro de bolso da Alice que entrou para lista dos mais vendidos. Depois foram surgindo os outros títulos. Mas sempre com este pensamento de aliar o clássico a uma proposta estética mais contemporânea. Com o crescimento e sucesso da coleção, a editora transformou o Clássicos Zahar em uma marca que agora entra na capa dos livros, reforçando a identidade da coleção tanto visual quanto comercial.



Houve alguma dificuldade técnica específica que precisou ser contornada?
O livro 20 mil léguas submarinas foi o único em que recebemos a imagem de capa pronta, que é uma colagem e colorização feita por Marcus Handofsky. Para que os próximos títulos do autor tivessem uma unidade gráfica, foi preciso que a ilustração tivesse um acabamento que remetesse à gravura. Só que nestes dois casos as ilustrações originais não tinham resolução suficiente para serem usadas na capa. Então fizemos uma colagem com detalhes de diversas gravuras antigas para criar a ilustração. (ver imagem abaixo)
Ilustrações para "Viagem ao Centro da Terra" (clique para ampliar)
Ilustrações para "A Ilha Misteriosa" (clique para ampliar)
Rafael Nobre é designer e ilustrador formado em Comunicação Visual pela EBA|UFRJ. Trabalhou no departamento de design da Redley e do Grupo Editorial Record. Atuou como freelancer de 2007 a 2012, quando se tornou sócio e diretor de criação da Babilonia Cultura Editorial – Empresa de gestão, produção de conteúdo e design editorial, cultural e artístico. Em 2015 o design e ilustração de 8 capas de Agatha Christie publicados pela Globo Livros foram selecionados para a exposição da 11 Bienal de design gráfico ADG Brasil.

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