sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ruína y Leveza


Ruína y Leveza
Autora: Jlia Dantas
Editora: Não Editora
Capa: Samir Machado de Machado
Fontes: Helvetica Neue e Caslon

(clique para ampliar)
O último lançamento da Não Editora, Ruina y Leveza é a estreia da escritora gaúcha Julia Dantas em narrativa longa. O livro é sobre uma jovem publicitária que, diante de uma crise pessoal, parte numa viagem sem objetivos claros ou rota definida pelo Peru. Entre cidadezinhas arenosas no Peru e uma mina de estanho na Bolívia (meu trecho favorito do livro), ela atravessa fronteiras e se permite descobrir novos caminhos e pessoas, carregando na mochila um passado que ainda pesa.

O objetivo com essa capa foi o de dar o toque local - a trama se passa quase inteiramente no Peru, mais especificamente na cidade de Cuzco - sem cair numa abordagem demasiadamente étnica ou turistica. O clichê seria usar algo com Macchu Picchu, mas a personagem não chega a visitar as ruínas (e tampouco creio que seria possível superar aquela capa sensacional feita pela Retina_78 para o romance homônimo de Tony Belloto).


Em conversas com a autora, chegamos à conclusão de que a melhor paleta de cores, a que mais combinasse com o clima da capa, seria algo em tons terrosos. E na pesquisa de imagens, tive a sorte de encontrar, em meio a fotos pessoais de uma viagem feita ao Peru anos atrás, uma que se encaixasse perfeitamente com a idéia do livro: a do sítio arqueológico de Huaca Puclana, uma pirâmide de tijolos de adobe no centro de Lima que vem sendo lenta e pacientemente restaurada, tijolo por tijolo (conclusão prevista para daqui a algumas décadas).


Com uma boa foto, e uma paleta de cores que tivesse uma identidade andina (são cores tiradas de tecidos e artesanato local), me pareceu que uma abordagem mais tradicional era o que bastava. Ou simplesmente sair do caminho e deixar a foto trabalhar sozinha.

Nas palavras da própria Julia Dantas, que participou ativamente no processo decisório da criação da capa: "gosto muito da capa do Ruína y leveza (cada vez mais). Considerando ela independentemente do livro, gosto porque é linda, porque existe um equilíbrio entre as cores terrosas da foto e as cores alegres das fontes; entre a antiguidade das ruínas e a jovialidade da parte gráfica; entre sobriedade e, bom, leveza. Também gosto que a leveza seja o elemento mais perto do "chão", a base da capa. E pensando no livro, vejo muitas relações: a reconstrução lenta e paciente, tijolinho a tijolinho, que o senhor da foto está fazendo é como o processo de amadurecimento da Sara; o fato de que ele está sozinho diante da ruína é também como a conquista de independência dela, que se sente sozinha diante do mundo; e todo os equilíbrios que eu falei antes têm a ver com a jornada dela, que oscila entre a autodestruição e a leveza, a escuridão e o luminoso. Enfim, é uma capa muito acertada :) Eu fico muito feliz com ela.

Nenhum comentário:

AddThis