quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Bambi

Design de Flávia Castenheira


Bambi
Autor: Félix Salten
Designer: Flávia Castanheira
Editora: Cosac Naify
Ilustrações: Nino Cais
Fonte: Feijoa
Acabamento: capa em tecido, serigrafia

Detalhe do impressão em serigrafia sobre a capa de tecido
Como geralmente acontece com clássicos da literatura infantil que ganham uma adaptação Disney, a obra acaba sendo mais lembrada pela adaptação do que pela obra em si, e é um pequeno prazer redescobrir o Bambi original de Felix Salten - menos pueril e mais contundente que a versão animada - nessa deliciosa edição que a Cosac Naify lança num formato em capa dura com acabamento em tecido, que remete aos livros infantis de antigamente, com a adição das ilustrações e colagens do artista plástico Nino Cais e em nova tradução de Cristine Röhrig. Abaixo, uma entrevista com a designer Flavia Castanheira, responsável pelo projeto gráfico do livro:

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Como você se tornou designer de livros?
Larguei pela metade os cursos de Arquitetura e Programação Visual em Belo Horizonte. Não gostava da faculdade, dos cursos, na maioria das vezes sentia que não estava aprendendo o que deveria (rsrsrs). Vim morar em São Paulo em 2000, e primeiro trabalhei em revistas. Fiz meus primeiros projetos de livro como freelancer em 2004. Em 2005 comecei a trabalhar para a Cosac Naify, primeiro como freelancer, depois como funcionária, com idas e vindas nesses 10 anos. Já fiz projetos e capas para várias editoras, mas foi trabalhando na Cosac Naify com a Elaine Ramos que eu aprendi a fazer design de livros. Acho que o fato de sempre ter sido uma grande leitora também contribuiu para o meu desenvolvimento profissional.

Como foi o processo criativo para a produção dessa nova edição de Bambi? Como se pautou a escolha do formato e do acabamento em tecido da capa?
O Bambi faz parte de uma linha editorial da Cosac Naify de convidar artistas plásticos contemporâneos para ilustrar clássicos da literatura infantojuvenil. Nesses projetos, o processo criativo se desenvolve em parceria com o artista, a partir de sua interpretação do texto, as suas propostas para as ilustrações, a técnica escolhida etc. O Nino Cais, que ilustrou o Bambi, tem uma relação estreita com o universo dos livros, ele é um grande frequentador de sebos, sempre procurando edições especiais de livros antigos, com papeis e impressão de qualidade. Desde o início, ele me disse que queria que o Bambi tivesse "cara de livro antigo", com capa dura, ilustrações pequenininhas nas aberturas de capítulo, e isso foi pautando o projeto gráfico.

Houve alguma dificuldade especifica no processo?
As maiores dificuldades atualmente são de ordem financeira, como viabilizar o projeto da maneira ideal e ainda ter um livro de preço acessível. Então, é parte do processo fazer escolhas: não dá pra fazer capa dura revestida de tecido, mais a serigrafia, mais o miolo colorido, mais um formato grande.


O que você acredita que faça a capa funcionar, ela ser o que é?
O fato de ser um livrinho pequeno, com capa dura revestida de tecido, já dá uma personalidade ao livro. A arte da capa dialoga com as ilustrações do miolo mas também com capas de livros infantis antigos – uma silhueta e o texto centralizados, uma estampa sangrada... Acredito que as duas coisas juntas fazem a capa funcionar.


detalhe da lombada
verso do livro
Flávia Castanheira é designer gráfica. Já trabalhou nas revistas Bravo! e Caros Amigos, e fez capas e projetos de livros para várias editoras. Atualmente trabalha na Cosac Naify. Ganhou o Prêmio Aloísio Magalhães oferecido pela Fundação Biblioteca Nacional de melhor projeto gráfico em 2013 e 2014 com os livros Contos maravilhosos infantis e domésticos, dos Irmãos Grimm e Esopo – fábulas completas. Teve trabalhos selecionados e finalistas na 10ª e 11ª Bienal Brasileira de Design Gráfico da ADG, na 4ª Bienal Iberoamericana de Design, no prêmio Jabuti e no I Premio Latinoamericano de Design Editorial.


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